CAMILA FRANCO
Sim, os tempos mudaram, os costumes são outros, a sociedade
já não é mais a mesma. Dessa forma, a forma de ensinar também deve ser
diferente. Palmatória e outros castigos físicos já não funcionam mais.
Televisão, internet, redes sociais... Um bombardeio de
informações que fazem do jovem de hoje alguém cada vez mais antenado. A verdade
pode vir (ou não) de várias fontes; assim, o professor deixou de ser o detentor
da sabedoria e passou a figurar como orientador, aquele que mostra de qual
delas devemos beber.
Há décadas atrás, havia nas salas de aula um degrau que
separava o professor do aluno. Após a democratização do ensino, esse degrau
desapareceu. Mas ainda existe na mente de muitos educadores, o que é um erro.
É imprescindível que todos entendam que o jovem não está em
sala para “aprender e calar a boca”, como antes, mas para questionar, debater
e, por vezes, desafiar. E é por isso que o diálogo é tão importante: para que
seja uma relação saudável, de respeito, confiança e maturidade.
E também para que o professor esteja preparado não apenas
para ensinar, mas para aprender, o que de maneira nenhuma deve ser motivo de
vergonha. Muito pelo contrário: quanto mais aberta a relação aluno-professor,
mais produtiva será sua aula, pois uma vez que estamos à vontade para dizer o
que pensamos, mais empenhados estaremos na aula. Isso desenvolve o aprendizado,
pois uma maior participação exige o uso da retórica, Língua Portuguesa, senso
crítico, lógica e etc. de maneira agradável e interessante.
Muitos profissionais se dizem contra todas as formas de
ditadura e pregam que devemos ser politicamente mais ativos e, na medida do
possível, não-alienados. Mas se um aluno discorda de alguma opinião, é
repreendido; se tenta criar um projeto e desenvolvê-lo na escola não tem apoio.
E ainda tem que ouvir coisas do tipo “vocês não fazem nada”! Simples
contradição ou a mais descarada hipocrisia?
Não estamos querendo dizer que o professor deva entrar nas
salas e deixar que os alunos dêem aula em seu lugar, mas sim que a democracia
deva REALMENTE existir, a opinião do jovem deve ser ouvida, respeitada e
debatida, para que tenhamos alunos preparados não somente para o vestibular,
mas também (e principalmente) para o mundo. Ou melhor, para mudá-lo.
Pode parecer utopia. Mas muitas conquistas, como a energia
elétrica, o computador, o avião, pareciam. Até que alguém tentou.
É na escola que tudo começa. Inclusive a mudança.