quarta-feira, 22 de maio de 2013

O DIÁLOGO NOSSO DE CADA DIA



CAMILA FRANCO 

Sim, os tempos mudaram, os costumes são outros, a sociedade já não é mais a mesma. Dessa forma, a forma de ensinar também deve ser diferente. Palmatória e outros castigos físicos já não funcionam mais.
Televisão, internet, redes sociais... Um bombardeio de informações que fazem do jovem de hoje alguém cada vez mais antenado. A verdade pode vir (ou não) de várias fontes; assim, o professor deixou de ser o detentor da sabedoria e passou a figurar como orientador, aquele que mostra de qual delas devemos beber.
Há décadas atrás, havia nas salas de aula um degrau que separava o professor do aluno. Após a democratização do ensino, esse degrau desapareceu. Mas ainda existe na mente de muitos educadores, o que é um erro.
É imprescindível que todos entendam que o jovem não está em sala para “aprender e calar a boca”, como antes, mas para questionar, debater e, por vezes, desafiar. E é por isso que o diálogo é tão importante: para que seja uma relação saudável, de respeito, confiança e maturidade.
E também para que o professor esteja preparado não apenas para ensinar, mas para aprender, o que de maneira nenhuma deve ser motivo de vergonha. Muito pelo contrário: quanto mais aberta a relação aluno-professor, mais produtiva será sua aula, pois uma vez que estamos à vontade para dizer o que pensamos, mais empenhados estaremos na aula. Isso desenvolve o aprendizado, pois uma maior participação exige o uso da retórica, Língua Portuguesa, senso crítico, lógica e etc. de maneira agradável e interessante.
Muitos profissionais se dizem contra todas as formas de ditadura e pregam que devemos ser politicamente mais ativos e, na medida do possível, não-alienados. Mas se um aluno discorda de alguma opinião, é repreendido; se tenta criar um projeto e desenvolvê-lo na escola não tem apoio. E ainda tem que ouvir coisas do tipo “vocês não fazem nada”! Simples contradição ou a mais descarada hipocrisia?
Não estamos querendo dizer que o professor deva entrar nas salas e deixar que os alunos dêem aula em seu lugar, mas sim que a democracia deva REALMENTE existir, a opinião do jovem deve ser ouvida, respeitada e debatida, para que tenhamos alunos preparados não somente para o vestibular, mas também (e principalmente) para o mundo. Ou melhor, para mudá-lo.
Pode parecer utopia. Mas muitas conquistas, como a energia elétrica, o computador, o avião, pareciam. Até que alguém tentou.
É na escola que tudo começa. Inclusive a mudança.

14 comentários:

  1. Parabéns, o texto está muito bem escrito e coloca questões muito pertinentes. É imprescindível que a sala de aula seja um espaço aberto ao diálogo e o conhecimento seja mediado e não imposto, pronto e empacotado.
    No entanto o texto peca ao colocar somente o professor como responsável pela falta de diálogo, o diálogo pressupõe uma pluralidade de interlocutores, ou seja, no caso em questão professor e alunos.
    Não nego que existam professores autoritários, ou ultrapassados nas suas concepções de educação, mas existem também, em abundância, alunos desinteressados, sem compromisso com o aprendizado e às vezes com o mínimo respeito ao ser-humano que está em vossa frente trabalhando.
    Faço essa crítica(construtiva) com total tranquilidade e respeito, não é segredo a ninguém que apoio esse blog abertamente, acho uma iniciativa louvável e muito pertinente, mas nesse caso, o desabafo é importante e válido, mas lembrem-se de ver sempre o(s) outro(s) lado(s) das questões, afinal terça feira passada saí rouco desse mesmo "terceiro".
    Espero contar com vocês na próxima aula, e nisso a autora deste texto nunca me desaponta, sonho (e sei que muitos professores também) com esse intenso diálogo tanto quanto vocês, é o que me motiva a seguir na educação mesmo com tantas dificuldades.
    Caminhemos juntos para a "mudança" motivando-nos mutuamente professores e alunos, primando pelo respeito, afinal os dois papéis só existem um em função do outro.
    Abraços, queridos colegas na busca pelo conhecimento e por uma educação melhor,
    Prof. Diego

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Primeiramente, o nosso MUITO OBRIGADO pelos elogios, apoio e também pelas críticas.
      Bem,a proposta do nosso blog é trazer uma visão "estudantil" de educação e, além disso, anda meio complicado conseguir declarações dos prof°. Portanto, sim, falta o outro lado da moeda, mas já está explicado (embora não justificado) o motivo.
      Quanto ao que ocorreu na última terça, o senhor já havia entrado rouco ne nossa sala (e até brinquei com isso), mas reconheço que saiu pior. Infelizmente, há uma desvalorização da educação por parte de toda a sociedade, e isso se reflete em aula..
      Isto é um equívoco e nós estamos lutando para mudar esta situação; pena que muitos não encaram desta forma.
      Mas eu prometo melhorar os meus textos! Lembre-se de que a sua opinião será sempre bem-vinda! Continue visitando nosso blog!
      Um abraço.

      Excluir
  2. univrsidades renomadas do brasil e do mundo disponibolizam video aulas grátis:
    http://canaldoensino.com.br/blog/universidades-de-sao-paulo-disponibilizam-video-aulas-gratis

    ResponderExcluir
  3. Acredito que o texto foi de grande utilidade e mostra um "grito" por parte de nossos alunos por uma educação de qualidade e um ensino que os leve a desenvolver um senso crítico apurado. Entretanto, tenho que ressaltar, que uma educação como é Almejada pelo texto,e que prega ideais tão apurados pode ser um começo de um mudança dos nossos paradigmas, mas se colocarmos a responsabilidade única e exclusivamente sobre nosso educadores estão simplesmente nos esquivando de nossa responsabilidade. Afinal, a verdadeira educação é feita através de pelo menos três pilares: Família,Aluno e escola.
    Nos dias atuais, boa parte das famílias são chefiadas pelas mulheres ou as mesmas têm que auxiliar na renda familiar, o que por sua vez, as obriga a buscarem recursos para manter seus filhos e a casa, desta forma acabam deixando em segundo plano a educação dos filhos, atribuindo esta função muitas vezes a terceiros ou até mesmo a escola.
    Então, temos o segundo pilar da educação: Os alunos. Infelizmente, com a crescente expansão da internet, dos meios de comunicação e "impunidade infantil", que de maneira indireta sugere aos menores de idade que tenham "férias" de responsabilidades e retalhando qualquer tentativa de levá-los a um compromisso mais sério, como por exemplo: trabalhar ou responsabilizá-los por seus atos; Temos uma sociedade, que em quase sua totalidade, irá começar a se preocupar em levar a sério o conhecimento somente após a maioridade, ou seja, na faculdade.
    Na ponta temos a escola. Que em vez de ser o complemento acaba se tornando a base e em alguns casos a única base dos nossos alunos. Olhemos de maneira mais cuidadosa para ela: Sem estrutura física, contendo profissionais que são desvalorizados e mal remunerados com uma missão importante: Preparar a nova sociedade. E a pergunta que fica não quem é o culpado e sim quem irá mudar esta realidade.
    FICA O RECADO!
    Bruno Franco

    ResponderExcluir
  4. Excelente a sua colocação.
    Mas devo lembrar que o objetivo deste texto não é culpar os professores pela piora da educação, mas sim que "a mudança desta realidade" só ocorrerá quando tivermos cidadãos preparados, algo que não será alcançado se não formos incentivados desde já a questionar e dialogar.
    Hoje é um professor (ou qualquer outro profissional) que nos manda aceitar e calar a boca. Amanhã, um deputado privatiza o Ministério Público e vende a Amazônia para os americanos. E o que faremos? Vamos nos calar e aceitar, como nos foi ensinado?
    O professor não é "o culpado", mas é aquele que vai iniciar a mudança. Talvez isso não tenha ficado claro da maneira como gostaríamos, mas espero ter reparado nosso erro.
    O nosso muito obrigado! Visite sempre o nosso blog.
    bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. sinceramente não entendi o termo: "Hoje é um professor (ou qualquer outro profissional) que nos manda aceitar e calar a boca." o qual foi realmente a sua intenção ao escrever isto?
      Bruno Franco.

      Excluir
  5. Que maravilha essa discussão! Gostei do comentário do Bruno levando em conta a dificuldade dos pais em criar os filhos e a dos professores para realizar um bom trabalho. Gostei do fato de ressaltar a importância de o aluno reconhecer e arcar com as suas responsabilidades.
    Quanto ao "calar a boca", concordo com a Camila, é importante não se calar frente a determinadas situações, é importante não aceitar o descaso do poder público e mesmo o desrespeito dos professores, quando houver.
    Lembremo-nos porém que todos, TODOS os dias nós professores somos desrespeitados em sala de aula, porém pacientemente nos calamos, setenta vezes sete vezes, antes de tomarmos uma atitude, e quando a tomamos muitas vezes não é para nós mesmos, mas pelo direito dos outros alunos de terem acesso a uma sala de aula onde de fato exista uma aula sendo ministrada. Ou seja, muitas vezes, a atitude que tomamos "contra" o aluno é por amor ao próprio aluno e à educação.
    Quanto à falta de amor ao ser humano, não nos calemos juntos e nunca!
    Abraços, colegas!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E é exatamente por toda essa dificuldade que há em educar, que continuo batendo na mesma tecla: não podemos nos calar e não podemos deixar que ninguém se cale!
      Comentem à vontade, concordem, discordem... Esse debate só enriquece e alegra a todos nós! Nosso objetivo vem sendo alcançado...! :)
      Que todos deem seus gritos de guerra! Vamos abrir mais a boca, minha gente! Nosso direito a liberdade de expressão é garantido por lei!! Vocês têm medo do quê???
      Um abraço!!

      Excluir
    2. muito obrigado prof. Diego! Espero ter contribuído de alguma forma para este projeto... e Que nossos adolescentes possam sempre buscar se expressar de maneira adequada e sensata. abraços!!

      Excluir
  6. Não tem o botão curtir aqui? rs, seria bom para dar uma descontraída! ;)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Infelizmente não... rs rs
      Mas tem o nosso face, já curtiu?
      facebook.com/soseducacaoperuibe
      Lá tem o botão... rs

      Excluir
  7. Bem, professor, o senhor, melhor do que ninguém sabe qual é o real objetivo deste texto.
    Mas devo ressaltar ainda, que a relação aluno-professor foi usada apenas como uma base para o texto, uma vez que acreditamos que é a mais importante por ser direta e não haver um mediador.
    Em momento nenhum porém, nossa intenção foi isentar os alunos de suas responsabilidades. Aliás, este é um tema tão importante, que já foi conversado em nossas reuniões, haverá um post só sobre ele.
    O que quisemos ressaltar, foi o quão importante é a participação do aluno (em todos os sentidos) e que por isso, deve-se deixar que ele participe, orientando e não reprimindo.
    Acredito que isso não tenha ficado claro. Como autora do texto, deixo a minha promessa de melhorar os próximos, ok?

    ResponderExcluir
  8. Olá Camila, amei este blog, conte com meu empenho para que mais pessoas possam conhece-lo.
    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Katiane! Muito Obrigada pelo apoio! Realmente precisaremos de sua ajuda, quanto mais pessoas conhecerem este blog melhor! A sociedade precisa abrir os olhos para a situação da nossa educação!!
      Um forte abraço!

      Excluir